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Homilias de Dom Fernando Antônio Figueiredo

Jo 1, 1-18 - Prólogo do Evangelho de S. João - A Palavra se fez carne



Com um hino a Jesus, preexistente à criação, da qual Ele participa com o Pai eterno, inicia-se o Evangelho de S. João: “No princípio havia a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. Ela existia, no princípio junto de Deus e tudo foi feito por meio dela e sem ela nada foi feito de tudo (panta) o que existe”. A Palavra eterna é o Filho de Deus, fonte da graça e da verdade, pelo qual tudo (panta) foi criado. O termo grego panta, sem artigo, designa todas as coisas e, igualmente, cada uma delas.


Abençoada por Deus, a criação existe por uma ação positiva de Deus, que permanece totalmente livre para criar ou não: Deus transcende ao mundo, mesmo após tê-lo criado. O fato de criar a partir do nada significa que a realidade do mundo é totalmente nova, amada e merecedora do interesse do Criador, que lhe confere um valor intrínseco, com uma identidade dinâmica própria. S. Basílio irá falar de que Deus concede às criaturas não só forma e diversidade, mas também uma energia que lhes é realmente própria. No que se refere ao homem, S. Gregório de Nissa afirma que lhe foi conferida a liberdade de crescer no bem e, portanto, a capacidade de participar ou não de Deus, causa primeira, mas também razão e fim de sua existência.


Logo no início do Evangelho, esses dois temas são apresentados por S. João: o primeiro deles é o julgamento, descrito como presença da luz, que nos transfigura e nos espiritualiza; o segundo tema são as trevas, presença negativa, que nos tornam áridos e doentes no corpo e no espírito, obstáculos para encontrar Deus e amá-lo. Para que a vitória fosse da luz, o Pai envia ao mundo “a Palavra que se fez carne e estabeleceu sua tenda (eskénwse), sua morada, entre nós”. Nesse sentido, S Gregório de Nissa tece um belo paralelo entre a festa dos tabernáculos e o mistério da encarnação. Se antes, Deus morava no meio de seu povo e deixava-se encontrar por Moisés “na tenda”, agora, o lugar por excelência, para o encontro com Deus, é a Palavra de Deus, que se fez carne e nos chama à vida.


No final do Prólogo chega-se ao ponto alto da grande sinfonia orquestrada por S. João: a Palavra recebe o nome de Jesus Cristo, presença plena da graça e da verdade de Deus. E o Evangelho alcança seu escopo: ser anúncio da vinda e da proximidade do Reino de Deus; mas também ser presença da incondicional vontade divina de salvar e de sua misericórdia, que perdoa e renova a esperança de um novo recomeço, graças à prática de uma vida libertada de todas as formas de morte. Então, há de se ressaltar que, por força da Palavra, haverá integração de todos, desviados ou não, na unidade e na totalidade da humanidade, que reúne os que protestam em favor da liberdade e do amor contra todo tipo de divisão e de opressão de natureza ideológica ou social. Por fim, a criação estará refletindo, em sua dinâmica própria, os planos amorosos e misericordiosos do Criador: integral comunhão e uma paz que compreende o mundo inteiro.



Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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