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Homilias de Dom Fernando Antônio Figueiredo

Jo 1,19-28 - Testemunho de João Batista



Às margens do Rio Jordão, destaca-se a austera e solene pessoa de S. João Batista, que veio preparar os caminhos do Senhor. Último dos profetas do Antigo Testamento, ele espera ansiosamente os tempos messiânicos prometidos. Não se desloca de um lugar para outro, o que é sugerido pelo verbo latino “stare”, pois sua função não é a de procurar por Jesus e segui-lo, é a de ser o seu precursor e dar testemunho dele. Com clareza, João afirma não ser o Messias, nem o profeta Elias, mas sim “uma voz que clama no deserto”, a voz de um arauto.


Nesse sentido, para valorizar ao máximo sua função de precursor e de testemunha, o Apóstolo S. João jamais emprega para caracterizá-lo o termo “Batista”. Um belo exemplo encontra-se nesta passagem, na qual ele relata o fato de os judeus terem enviado de Jerusalém sacerdotes e levitas para o interrogarem. Eles simplesmente perguntam: “Quem és tu? ”. E ele, conhecendo as intenções dos que o interrogavam, sem titubear, testemunha: “Eu não sou o Cristo”, título que designa o Messias, o “ungido”, o enviado escatológico, o novo Davi, esperado por todo o povo como aquele que viria para libertá-lo do jugo estrangeiro e, portanto, restabelecer o reino de Israel. Humilde, João não deseja ser considerado mais do que realmente ele é.


No entanto, a curiosidade é grande, não só dos judeus de Jerusalém, mas de todo o povo, que acorre ao rio Jordão, pois todos desejam ouvir, de seus próprios lábios, se ele é ou não o Messias. Daí a insistência dos mensageiros, que voltam a lhe fazer a mesma pergunta. E João, com os olhos fixos neles, em alto e bom som, declara novamente não ser o Messias, aquele que daria início ao “Tempo Final”; ele é simplesmente uma voz que veio preparar os corações para a vinda do Messias. Com serenidade, ele esclarece que a sua missão consiste em “batizar com água” para a penitência, pois para acolher Jesus, escreve S. Agostinho, “é necessário tirar a areia dos olhos”, tornar-se sensível à beleza do mundo, ao sofrimento e à angústia dos seus semelhantes. E, para que toda dúvida fosse afastada, ele acrescenta: “No meio de vós, está alguém que vós não conheceis aquele que vem depois de mim, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália”.


Afastam-se as densas nuvens da incerteza e da dúvida, e já despontam no horizonte os albores da paz e da alegria espiritual, frutos do perdão e da remissão dos pecados. Realiza-se a missão do profeta: apregoar o arrependimento dos pecados, convocando todos a uma mudança de vida, a viverem segundo a Lei, Tôrah, guiados por uma consciência reta, justa, penetrada de Deus. Enquanto, aquele que vem é o “profeta” da salvação, pois não só anuncia a proximidade da incondicional salvação divina, mas Ele mesmo é a presença do perdão e da misericórdia de Deus, “para os que depositam fé em seu nome”. Ao longe, já se vislumbra o Messias, vulto humano de Deus, e já ressoa a potente voz daquele que tira o pecado do mundo.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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