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Luz do mundo


Após vivermos as “24 horas pra o Senhor” como tempo de conversão e oração, chegamos ao “domingo da alegria” dentro deste abençoado tempo. A Liturgia deste IV Domingo da Quaresma nos fortalece ainda mais nesta grande caminhada rumo à Páscoa. Coloca-nos nessas temáticas importantes: a unção, a cura do cego e a luz. Tudo dentro de uma caminhada de recuperação batismal. O batismo é “iluminação”, é enxergar a vida com novos olhos, é descobrir o amor de Deus e aceitar Jesus Cristo como Salvador. Este, de modo especial, é um ano em que a renovação da vida batismal é impregnada ainda mais pela liturgia quaresmal.


A Primeira Leitura deste domingo é do livro de Samuel (1Sm 16,1b.6-7.10-13a). Nessa leitura vemos que Deus escolhe Davi para ser ungido e eleito por seu pai Jessé. É Davi o filho escolhido e o herdeiro da aliança.


A Segunda Leitura nos anuncia (Ef 5,8-14): “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade”. (v.8-9). Eis o convite que o Apóstolo faz a todos nós, que vivamos na Luz do Senhor. Que possamos dissipar das trevas e encontrar o Senhor, que é a luz do mundo.


No Evangelho de João (9,1-41) vemos se concretizar mais uma das catequeses batismais. As três grandes “catequeses batismais” do Evangelho de João que norteiam a liturgia na Quaresma deste ano são a história da Samaritana (Jo 4), a do cego de nascença (Jo 9) e a de Lázaro (Jo 11). Vemos aqui a perícope que fala do cego de nascença. Somos chamados, pelo batismo, a termos uma vida iluminada.


Vemos um cego que está sentado, mendigando, do lado de fora do Templo (os cegos e coxos eram proibidos de entrar: 2Sm 5,8). Jesus passa, faz lama com a saliva, pega esta lama e passa nos olhos do cego, e depois o manda ir ao tanque de Siloé, perto dali. (O evangelista explica que Siloé significa “enviado”, termo com o qual Jesus se designa a Si mesmo: (9,7)). O cego executa o que Jesus pediu e volta enxergando.


Começam então os comentários. Há quem não acredita no que os próprios olhos estão vendo: “será aquele que vivia mendigando na porta do templo? Não pode! Deve ser outro”. Mas o cego confirma: “Sou eu mesmo” (9,9). E quando perguntaram como ficou vendo, explica direitinho o que Jesus fez e lhe mandou fazer (9,11).


O milagre da cura do cego havia acontecido em um dia de sábado. Devido a isso, os especialistas da religião concluem que Jesus realizou uma heresia, pois não podia ter feito este ato de curar em dia de sábado porque este dia é sagrado. O cego diz que Jesus é um profeta. Chamam, então, os pais do cego para dizer que ele nunca foi cego e muito menos curado da cegueira. Mas os pais, que não querem ser excluídos da comunidade, dizem que o cego pode responder por si (9, 17-22).


Outra indagação é feita ao cego (9,24), para que ele negue a Jesus. Ironicamente, o cego vai responder que a única coisa que ele sabe é que era cego e agora está vendo. Os fariseus o interrogam novamente para saber que Jesus fez lama em dia de sábado. Mas o cego responde: “querem ouvir mais uma vez? Vocês também querem se tornar seus discípulos”? (9,27). E, finalmente, quando ele insiste que Jesus fez com a ajuda de Deus um milagre como nunca se viu, excluem-no da sinagoga (9,34).


Por um lado, Jesus encontra o ex-cego no Templo (pois agora que ele não é mais cego pode, portanto, entrar no Templo) e lhe pergunta se ele tem fé no Filho do Homem (nome bíblico do enviado de Deus). O ex-cego responde: “quem é, para que eu acredite nele”? Jesus responde: “já o viste: é aquele que está falando contigo”. Para isso mesmo é que seus olhos foram abertos. Mas ele vê não somente com os olhos, ele vê também com o coração! Cai de joelhos e exclama: “Creio, Senhor” (9,38). Eis todo o itinerário de fé batismal!


Por outro lado, Jesus diz: “Vim ao mundo para um julgamento, a fim de que os que não estavam vendo vejam, e os que veem se tornem cegos” (9,40). Os fariseus ouvem isso e percebem que Jesus diz isso para eles. “Então, nós é que somos cegos?”, perguntaram. Mas, com fineza extrema, Jesus responde: “Se vocês fossem cegos, até que não seriam culpados. Mas agora que dizem que veem, o pecado de vocês se confirma”... (9,41). O milagre de Jesus ilustra sua frase: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12; 9,5).


Fomos escolhidos para sermos ungidos e, com o sopro do Espírito, voltarmos a enxergar para poder ser anunciadores da luz que é Cristo Jesus como suas testemunhas. Vivamos com generosidade nossa vida cristã, nossa vida batismal cujas promessas iremos renovar no vigília pascal, no sábado santo.


Este domingo “Laetare” nos anuncia a alegria da vida batismal que queremos viver intensamente. Peçamos ao Senhor que também nos cure de nossas cegueiras espirituais e materiais. Que Deus abra os nossos olhos para que possamos enxergar a Luz de Cristo e, assim, ao termos contato com essa “Luz”, possamos também ser para o outro “luz do mundo”!


Autor: Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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