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"Efeito Francisco": governo birmanês anuncia conferência sobre minorias étnicas


Papa no Centro Internacional de convenções em Nay Pyi Taw, ao lado de Aung Sann Suu Kyi e de jovens de diversas etnias - EPA


Nay Pyi Taw – O governo birmanês anunciou para a última semana de janeiro a terceira sessão da Conferência sobre a paz com as minorias étnicas, denominada “Conferência de Panglong”.


A decisão de dar continuidade a um percurso de encontro e negociação com os grupos étnicos armados, contra os quais o governo birmanês combate há mais de 60 anos, foi anunciada em concomitância com a visita do Papa Francisco ao país.


“O futuro de Mianmar deve ser a paz, uma paz fundada no respeito pela dignidade e os direitos de cada membro da sociedade, no respeito por cada grupo étnico e sua identidade, no respeito pelo Estado de Direito e uma ordem democrática que permita a cada um dos indivíduos e a todos os grupos – sem excluir nenhum – oferecer a sua legítima contribuição para o bem comum”, havia afirmado o Papa no discurso às autoridades na tarde de terça-feira, no Centro Internacional de Convenções na capital Nay Pyi Taw.


Já na tarde de segunda-feira, 27, dia em que chegou a Mianmar, o Santo Padre encontrou na sede do Arcebispado em Yangun, o Chefe do Exército de Mianmar, o General Aung Hlaing.


O líder militar afirmou após o encontro em nota divulgada na web, ter dito ao Pontífice que “não existem discriminações religiosas e étnicas no país”.


O governo birmanês assinou um acordo de cessar-fogo com oito grupos armados, expressão dos grupos étnicos, também graças ao esforço da Conselheira de Estado Aung San Suu Kyi, promotora da Conferência de Paz com as minorias étnicas.


O objetivo da Conferência é encontrar um acordo quadro que funcione para todas as minorias armadas e dar início assim a uma paz estável no país.


Os temas que serão discutidos no encontro de janeiro incluem alguns aspectos e progressos do diálogo político em nível nacional com os grupos pertencentes, entre outros, às minorias Shan, e também aos grupos muçulmanos presentes no Estado Rakhine, como o Arakan Liberation Party, que aceita dialogar com o governo e que representa o povo rohingya.


Nas últimas semanas, a ONU acusou os militares birmaneses de “limpeza étnica” na campanha desencadeada contra o povo rohingya.


A notícia da Conferência foi acolhida com favor na sociedade civil birmanesa e nas comunidades católicas.


A organização internacional de inspiração cristã “Christian Solidarity Worldwide”, afirmou em uma nota enviada à Agência Fides, ter pedido ao governo de Myanmar “para permitir o acesso das organizações internacionais de ajuda humanitária ao Estado de Rakhine e de colocar fim às graves violações dos direitos humanos nos Estados de Kachin e de Shan, combatendo seriamente a campanha de nacionalismo religioso, a intolerância e o ódio que se registra em todo o país”.

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