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O SIGNIFICADO DA BONDADE NA BÍBLIA


Gramaticalmente falando, Bondade é um substantivo abstrato. Do latim “bonidate”, é usado para mostrar a qualidade de quem tem boa índole. Portanto, Bondade é uma característica daquele que tem inclinação para o bem. Então a Bondade é a qualidade das pessoas que praticam boas ações. Ter Bondade é ser benevolente, ser amável, é procurar ajudar o outro.


A Bondade está presente em quase todas as religiões, e é um dos elementos mais essenciais de cada doutrina. Para o cristianismo, por exemplo, representa um fundamento primordial, principalmente, a Bondade de Deus para com os seres humanos e a Bondade de Jesus Cristo ao entregar a vida para salvar a humanidade.


NO ANTIGO TESTAMENTO

O Antigo Testamento trouxe as palavras tôb, tôbâh e tûb que trazem a mesma derivação e são utilizadas para expressar o significado de algo que possui qualidades desejáveis ou excelência de caráter bom, como em (Ne 9:25, 35; Sl 27,13;) e em (Ex 33,19) onde parece abarcar todas as virtudes e a benignidade de Deus.


A palavra Bondade, na Bíblia, se aplica àquilo que proporciona satisfação estética ou moral. No hebraico, a palavra para expressar este conceito é tôb, literalmente “agradável”, “alegre”. Durante sua obra criativa, Deus fazia admiráveis pausas nas quais refletia sobre o que fizera. Diz a Bíblia que Ele classificou cada obra sua como boa. O resultado de sua ação lhe proporcionava uma satisfação estética.


A Bondade de Deus é evidente em todas as suas criações e realizações. Há praticamente um refrão no processo da criação “e Deus viu que era bom” ao final de cada etapa da criação Deus manifesta aprovação, declarando que tudo estava em perfeita harmonia. E quando chega ao final do processo criativo declara “E Deus viu tudo o que havia feito: e era muito bom” (Gn 1,31).


Assim é possível acompanhar que essa Bondade da criação continua se manifestando em todos os momentos da vida humana. A pesar do pecado de rebeldia contra Deus, ainda neste momento Deus manifesta sua Bondade ao comprometer-se em proporcionar um meio pelo qual este ser humano decaído pudesse retornar à sua harmoniosa relação com Ele (Gn 3,15).


A própria história dos israelitas, menciona, em alguns de seus principais momentos, exemplos ilustrativos desta manifestação bondosa de Deus, na vida deles e de todos os crentes, em todas as épocas. A Bondade de Deus é manifestada não porque o povo de Israel era bom, mas unicamente porque Deus é Bom.


A Bondade é uma preciosa qualidade de Deus que transparece em todas as relações com seus servos (Sl 36.7; 62,12; Mq 7,18). Se não tivesse sido assim, a humanidade teria perecido há muito tempo (Lm 3,22). Em consequência, Moises suplicou em favor de Israel rebelde sobre a base do grande nome de Deus e por ser Ele um Deus de Bondade amorosa o escutou (Nm 14,13-19).


A Bondade amorosa de Deus com relação ao seu pacto continuou aumentando com a formação da nação, do povo, de Israel e sua história posterior (Ex 15,13; Dt 7,12). Assim como no caso de Davi (2Sm 7,15; 1R 3,6; Sl 18,50) e no de Esdras com seus companheiros (Esd 7,28; 9,9). Como mostra a Bíblia, a Bondade amorosa de Deus traz o amor leal manifestado de diversas formas e em diferentes circunstancias ao livrar e conservar a vida dos seus (Sl 6,4; 119.88,159). Ao ser para eles guarda costas e proteção (Sl 40,11; 61,7; 143,12), ao ser quem alivia seus problemas (Rt 1,8; 2,20; Sl 31,16, 21). Mediante a sua Bondade amorosa, Deus ajuda aos seus escolhidos (Sl 44,26).


Os salmos refletem a maior expressão da Bondade de Deus no Antigo Testamento, pois foram compostos no tempo em que o povo de Israel tinha se afastado de Deus e, portanto, precisava mais do colo de Deus, por isso é possível encontrar como no Salmo 136, em forma de refrão, repetido exaustivamente em cada verso, a ideia que o autor desejava que os que viessem a canta-lo jamais pudessem se esquecerem desta característica distintiva do caráter de Deus, a sua Bondade, “porque a sua benignidade (Bondade) dura para sempre”.


O salmista resgata está Bondade divina desde os primórdios da criação, percorrendo pelos momentos mais grandiosos da história israelita. Para o salmista Deus deve ser louvado e engrandecido diariamente por causa de sua Bondade, pois ele entende que está Bondade divina é o fundamento da própria fé e esperança, que se tornam a razão para que não fossem destruídos, e a razão pela qual ainda se pode manter a sanidade, em meio à uma sociedade cada vez mais decadente e perdida em seu próprio ego.


A Bondade de Deus é um dos atributos de Deus que fazem parte da sua própria essência. Pois, Deus, por natureza, é inerentemente bom, como o Salmo 34,9 diz: “Provai e aprecia o quando é bom o Senhor: feliz o homem que nele se abriga”. Ele é o fundamento de qualquer manifestação de Bondade e de tudo que possa ser bom.


A Bondade de Deus, para com a humanidade, pode ser definida como a perfeição de Deus que o leva a tratar benévola e generosamente toda sua criação. É a afeição que o criador sente para com as suas criaturas dotadas de sensibilidade consciente como tais. O salmista expressa esse sentimento: “O Senhor é bom para com todos, ele se compadece de todas a suas criaturas. Os olhos de todos estão te aguardando: tu lhes das o alimento a seu tempo; abre as mãos e sacias de benevolência todo vivente” (Sl 145,9; 15-16). Este benévolo interesse de Deus é revelado em seu cuidado pelo bem-estar da criatura e corresponde à natureza e às circunstâncias da criatura.


NO NOVO TESTAMENTO

Palavra do grego para Bondade é Agathosune. Significa “benevolente” e “o bom em ação”. Agathosune é mais do que Cherostotes que é ternura, gentileza…. É o próprio caráter energizado, sendo expressado pela ação. Existe mais atividade em Agathosune do que em Cherostotes. A pessoa mostra sua Agathosune, seu zelo pela Bondade e verdade, mesmo repreendendo, corrigindo ou castigando. Exitem obvias diferenças nessas duas palavras, mas as Escrituras provam que elas compartilham uma forte relação.


No Novo Testamento, Jesus mostra, que a benignidade (Bondade) é uma qualidade divina, que vai além do meramente humano. Jesus disse que seu Pai celestial é benigno, ou bondoso, não só com aqueles que o amam, mas também “com os ingratos”. Jesus incentivou seus seguidores a imitar a Deus nesse respeito, “antes, amai vossos inimigos, fazei o bem sem esperar nada em troca. Assim vossa recompensa será grande e sereis filhos do Altíssimo, que é generoso com os ingratos e maus. Sede bondosos, como vosso Pai é bondoso” (Lc 6,35-36; Mt 5,48).


A Bondade de Deus percorre toda a história da humanidade, pois faz parte dos seus atributos, isto é, Deus é a bondade plena em si mesmo. Deus só pode ser bom e é nesse sentido que Jesus disse ao homem rico: “Ninguém é bom, a não ser Deus” (Mc 10.18; Lc 18.18, 19). Deus é bom em si mesmo e, portanto, é bom para as suas criaturas, os homens; sendo assim, só Ele pode ser chamado da fonte de todo bem, e assim é apresentado de várias maneiras em toda a Bíblia.


O apóstolo Paulo mostra que o homem não é bom por natureza, mas por causa da Bondade de Deus, ele pode ser transformado em bom, pois se confiar em Jesus, Deus o reveste de uma nova natureza. Ele lhe dá o desejo de ser bom e também lhe dá o poder de ser bom (Fp 2,13) “Pois Deus quem, segundo seu desígnio produz em vós o desejo e sua execução ... assim sereis íntegros e irreprováveis, filhos de Deus sem defeito”. Pois Deus trabalha de dentro para fora: primeiro o ser humano é recriado como pessoa boa e depois recebe a capacidade de fazer coisas boas.


Os humanos, criados à imagem de Deus, têm a capacidade de demonstrar Bondade. O homem deve imitar a Deus e estender a sua Bondade a outros, não só aos parentes. Paulo, diz que a Bondade faz parte do fruto do espírito santo, ou força ativa de Deus, fruto esse que todos devem cultivar (Gl 5,22).


Tito sabe que a Bondade de Deus, se manifesta na Bondade do seu filho para a salvação, “Mas, quando apareceu a Bondade do nosso Deus e Salvador e seu amor pelo homem, não por mérito que tivéssemos adquirido, mas tão somente por sua misericórdia, nos salvou com o banho do novo nascimento e a renovação pelo Espirito Santo” (Tt 3,4-7). Estendida “para que se revele aos séculos futuros a extraordinária riqueza de sua graça e a Bondade com que nos tratou por meio de Cristo Jesus” (Ef 2,7).


CONCLUSÃO

Toda a criação se tornou presente de Deus para os homens, presente que flui do manancial inexaurível que é próprio Deus. Por outro lado, Deus é também o sumo bem para a humanidade, embora em diferentes graus e na medida em que correspondem ao propósito da sua existência para cada ser humano em particular.


A Bondade, portanto, tem uma dimensão ética e uma dimensão estética. Na dimensão ética, significa viver de acordo com padrões elevados. Na dimensão estética, pode ser entendida como beleza interior onde encontra sua morada Deus, onde construiu o templo do Espírito Santo. Portanto a Bondade toca o coração e move à ação, seguindo o exemplo deixado por Jesus e seus apóstolos, que foi refletivo nas primeiras comunidades cristãs.


Segundo o pensamento paulino, a vida cristã não é fácil, mas é eternamente valiosa e fazer o bem não é fácil, mas há uma recompensa da Bondade de Deus manifestada na salvação. “Não nos cansemos de fazer o bem. Pois, a seu devido tempo colheremos sem fadiga” (Gl 6,9).


Deus tem mostrado o seu amor para com a humanidade através dos seus contínuos atos de Bondade, constantemente ele estende suas mãos para ajudar e para livrar o homem das garras do pecado; os seus ouvidos estão sempre prontos para ouvir; além de não tratar segundo os erros, mais sempre com Bondade e misericórdia.


Bibliografia Consultada

1 – A Bíblia do Peregrino.

2 – Chave Bíblica.

3 – Harris, R. Laird, Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento.

4 – Smith, Ralph L., Teologia do Antigo Testamento.

5 – Gonzáles, Justo L. Diccinario Manual Teológico,

6 – Martín A. (1969) Teología de la Esperanza, Respuesta a la Angustia Existencia.

7 – Comentario al Nuevo Testamento, William Barclay. 1999 por CLIE para la versión española. Publicado originalmente en 1970 y actualizado en 1991 por The Saint Andrew Press, Escocia.


Elías Nova Nova

Diplomado em Teologia – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE | Belo Horizonte, Brasil (2002)

Licenciatura Plena em Filosofia e Letras – Universidade de Santo Tomás de Aquino | Bogotá, Colômbia (1996)

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