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HOMILIA NO II DOMINGO B - 2018



Foto: Portal Católico


Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


Irmãos e irmãs, neste II Domingo do Tempo Comum, ouvimos leituras vocacionais. Na primeira, a vocação de Samuel, no Evangelho de João o chamado de alguns discípulos: André e João, o Evangelista. Ambos eram discípulos de São João Batista; André, era irmão de Simão que depois será chamado Cefas, Pedro, ou pedra.


Não podemos não nos maravilhar com a generosidade de Deus que não abandona o seu Povo e é o primeiro a tomar a iniciativa na relação conosco. Não nos iludamos, somente na fé cristã temos Deus que toma a iniciativa. É isto que quer dizer religião revelada: É Deus quem nos chama, é Ele quem quer nos falar. Não porque tenha necessidade ou que seja solitário, mas antes, por ser Amor, quer e se comunica conosco que não somos Ele. E aqui está a razão da maravilha: Ele rompe a distância que nos impossibilitava tal relação que fora perdida pelo pecado de Adão e Eva. Mesmo depois do pecado original, Deus não nos deixou, mas nos instruiu pelos profetas na esperança da salvação que temos somente nEle.


O que ouvimos na I leitura, a vocação de Samuel, mostra-nos o início deste seu comunicar-Se conosco pela profecia. Escolhe o jovem Samuel levado ao Templo como oferenda a Deus por sua mãe, Ana. É lá que se dá o insistente chamado. O que aqui devemos hoje reter é que não podemos nos entregar aos desvarios naquilo que, às vezes, achamos ter origem em Deus; na leitura, pelo contrário, Deus insistente o chama e ele, pensa ser Eli; e é Eli quem percebe que é Deus a chamá-lo. Saibamos nos consultar com os mais adiantados na relação com Deus. Não caiamos na soberba protestante e pentecostal de achar que cada um pode dispensar o conselho dos mais experimentados. Já São Pedro nos alerta quanto a isso: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, porquanto, jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens santos falaram da parte de Deus, orientados pelo Espírito Santo”(2 Pd 1, 20-21).


Foi graças à percepção de Eli, que Samuel aprende a responder: “Fala, Senhor, que teu servo escuta”. É a esta escuta que somos sempre chamados quando aqui estamos e quando nos dirigimos a Deus na oração. Mais do que falarmos, deveríamos antes nos dispor a escutar, pelo silêncio orante!!!


Tal atitude de escuta lhe valeu a constante presença do Senhor e a certeza e eficácia da sua profecia. O mesmo contemplamos em relação a João, a voz, não a Palavra. Palavra é Cristo, o Verbo de Deus. E João, a voz. Por isso, mereceu como último Profeta do AT não só falar dAquele que viria, mas apontá-Lo. A escuta nos leva a falar dAquele que antes nos fala. Isto, porém exige reconhecimento e convivência.


Quando João aponta o Senhor a André e a João, o Evangelista ainda seu discípulo, estes seguem Jesus que passava. Esta curiosidade o Senhor percebeu e lhes perguntou: “«Que procurais?» Eles responderam: «Rabi que quer dizer ‘Mestre’ onde moras?» Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia”. E era por volta das quatro da tarde. O que conversaram? Como foi o convívio?... É necessário buscá-Lo, estar com Ele se quisermos, ao menos intuir, experimentando sua companhia. Ele se deixa encontrar; também a nós dirige seu convite: “Vinde ver”. Queiramos vê-LO, queiramos... nossa insistência vai valer-nos seu convite...


Assim, Santo Agostinho comenta esta passagem: “«Não O seguiram para ficar definitivamente com Ele. (…) Quiseram somente ver onde habitava… O Mestre mostrou-lhes onde habitava e eles foram e permaneceram com Ele. Que dia feliz e que feliz noite passaram! Quem poderá dizer-nos o que eles ouviram da boca do Senhor?”* ...


Quando realmente se experimenta a convivência e a intimidade com Cristo, não tem como não se falar dEle. É o efeito do amor pelo amigo. Quando estamos enamorados, o nome daquele (a) a quem devotamos afeto está sempre em nossas conversações. Não há como não nos denunciarmos... O próprio Senhor nos disse: “É o que sai da boca que procede do coração”(Mt 15, 18). E assim, depois deste doce convívio, saem a dizer a Simão, irmão de André, que haviam encontrado o Messias, que quer dizer Cristo, que quer dizer Ungido, que quer dizer o Novo Davi, o cumprimento da Promessa a ele feita! Que alegria não sentiram!... A palavra que São João põe em seus lábios é “Eurêkamen ton Messian”. É o grito de Arquimedes quando encontrou o princípio da sua física: eureka! Encontrei![1] E Simão, é Ele também encontrado pelo Senhor, que lhe concede a firmeza da função que assumiria, mesmo sendo ele tão fraco...


Mas, façamos um salto. A exortação de São Paulo aos coríntios era justamente por isso. Ele não queria que esta relação com Cristo se perdesse pela vida libertina. Em Corinto, havia a chamada “prostituição sagrada” no templo de Afrodite, a deusa grega do amor. Haviam 1.000 sacerdotisas. O vício era divinizado. Semelhantemente o que ocorre nos nossos dias... Quando ele nos recorda que não pertencemos a nós mesmos, é porque fomos adquiridos pelo Senhor a alto preço, o Seu Sangue por nós derramado! Feitos membros dEle pelo Batismo passamos à uma íntima relação. Não é mais Ele e nós; é Ele em nós, pelo Espírito que nos abre, por Cristo, acesso ao Pai! E se temos consciência disto, que força não nos concede Deus para mantermos a fidelidade. Nós Sacerdotes e vocacionados, os esposos e os jovens... Mais do que um sermão chato, São Paulo nos quer recordar esta relação amorosa com Cristo em Deus! Valemos muito para nos perdermos a preço baixo e de baixezas!... Ele espera de nós uma decidida e convicta resposta!...


Mas, como fazer?... Retomo a citação de Santo Agostinho: * “Façamos nós também uma habitação no nosso coração, e venha o Senhor até junto de nós para nos ensinar e falar conosco!» (In Ioh. tract. 7, 9).


E, não nos esqueçamos!, se temos dificuldades, aprendamos com os mais experimentados para não incorrermos em erro!


Que assim seja!




[1] A História conta que Arquimedes pronunciou esta palavra após descobrir que o volume de água que tinha subido era igual ao volume do Corpo submerso. Isto levou-o à solução do problema de medir o volume dos corpos irregulares e lhe permitiu saber se a coroa do rei Hieron II era feita de ouro puro ao calcular sua desnsidade a partir da massa já conhecida. Ele fez esta descoberta enguanto se encontrava sumerso na banheira e tal foi a sua alegria que saiu correndo nú pelas ruas de Siracusa e gritando: “Eureka”! Isto é, eu descobri!


Autor: Prof. Pe. Mestre Samuel Pereira Viana Nascido em Duque de Caxias (RJ) e Ordenado Presbítero na Diocese de Santo Amaro. Mestre em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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