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Papa a católicos e evangélicos: olhar ao passado sem rancor, mas segundo Cristo



Papa saindo da Catedral de Lund, Suécia, após oração ecumênica - RV


Cidade do Vaticano - O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (06/02), no Vaticano, a Delegação ecumênica da Igreja Evangélica na Alemanha.


O grupo, formado por vinte e três pessoas, foi acompanhado pelo Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Cardeal Reinhard Marx. Segundo o Pontífice, este “é o resultado de uma relação ecumênica que amadureceu ao longo dos anos”.


“Que vocês prossigam neste caminho abençoado de comunhão fraterna, continuando com coragem e determinação rumo à unidade cada vez mais plena. Temos o mesmo Batismo: devemos caminhar juntos sem nos cansar”, disse ainda o Papa.


Intenção dos reformadores

“É significativo que evangélicos e católicos, por ocasião dos 500 anos da Reforma Protestante, comemorem juntos os eventos históricos do passado a fim de colocar Cristo novamente no centro de sua relação."


A esse propósito, o Pontífice recordou as palavras proferidas pelo Papa emérito Bento XVI aos representantes da Igreja Evangélica na Alemanha, em 23 de setembro de 2011: “A questão sobre Deus”, o “como poder ter um Deus misericordioso” era “a paixão profunda, a mola da vida e de todo o caminho” de Lutero.


"O que animava e inquietava os reformadores era indicar o caminho rumo a Cristo. Este é também o nosso dever hoje, depois de empreender, graças a Deus, a estrada comum”, disse ainda Francisco.


Segundo o Papa, “este ano de comemoração nos oferece a oportunidade de dar mais um passo adiante, olhando ao passado sem rancores, mas segundo Cristo e em comunhão com Ele, a fim de repropor aos homens e mulheres de nosso tempo a novidade radical de Jesus, a misericórdia sem limites de Deus: Era isso que os reformadores, em seu tempo, queriam estimular”.


“É triste que esse chamado à renovação tenha causado divisões entre os cristãos. Os fiéis não se sentiram mais irmãos e irmãs na fé, mas adversários e concorrentes. Durante muito tempo, alimentaram hostilidades e se entregaram a lutas, fomentadas por interesses políticos e de poder, usando violência uns contra outros, irmãos contra irmãos.”


Eventos ecumênicos

O Papa agradeceu aos membros da delegação ecumênica pela intenção de partilhar, em breve, um gesto importante de penitência e reconciliação: uma celebração ecumênica intitulada “Reabilitar a memória – testemunhar Jesus Cristo”.


Francisco convidou católicos e evangélicos alemães a responderem, na oração, “ao chamado de purificar a memória em Deus para serem renovados interiormente e enviados pelo Espírito a levar Jesus ao mundo de hoje”.


A este propósito, o Papa recordou algumas iniciativas ecumênicas previstas para este ano a fim de celebrar a ‘Festa de Cristo’: como a peregrinação à Terra Santa, o congresso bíblico comum para apresentar juntos as traduções novas da Bíblia e o dia ecumênico dedicado à responsabilidade social dos cristãos.


“A redescoberta das fontes comuns de fé, a purificação da memória na oração e na caridade, a colaboração concreta no anúncio do Evangelho e o serviço aos irmãos nos impulsione a avançar ainda mais rapidamente no caminho.”


Desafios no percurso da unidade

“As diferenças em questões de fé e moral ainda subsistem. São desafios no percurso da unidade visível almejada pelos nossos fiéis. A dor é sentida ainda mais pelos casais que pertencem a confissões diferentes. Devemos nos comprometer, com a oração incessante e com todas as nossas forças, a superar os obstáculos ainda existentes, intensificando o diálogo teológico e reforçando a colaboração entre nós, sobretudo no serviço aos que sofrem e na proteção da Criação ameaçada.”


Segundo o Papa, o chamado urgente de Jesus interpela toda a família humana, num período de dilacerações e novas formas de exclusão e marginalização.


“Também nisso a nossa responsabilidade é grande. Na esperança de que este encontro aumente ainda mais a comunhão entre nós, peço ao Espírito Santo, artífice e renovador da unidade, para nos fortalecer no caminho da comunhão, com a consolo que vem de Deus, e nos indicar seus caminhos proféticos e audaciosos”, concluiu Francisco.

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