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Cardeais pedem audiência ao Papa Francisco para tratar sobre “dubbia” de Amoris Laetitia


Cardeais. Foto: Alan Holdren (ACI Prensa)


Os cardeais que solicitaram ao Papa Francisco esclarecer alguns pontos, aos quais chamaram “dubbia” (dúvidas) sobre a exortação apostólica Amoris Laetitia, publicaram agora um pedido para que o Santo Padre os receba em audiência e possam falar sobre este tema pessoalmente com ele, ao não terem recebido uma resposta.


Foi o que informou na segunda-feira, 19 de junho, Edward Pentin no ‘National Catholic Register’, onde publicou o texto na íntegra da carta que os cardeais enviaram ao Pontífice no último dia 25 de abril.


A carta foi assinada pelo Cardeal italiano Carlo Cafarra, que explica que a enviou ao Santo Padre em seu nome e em nome dos cardeais alemães Walter Brandmüller e Joachim Meisner; e do norte-americano Raymond Burke.


As “dubbia” ou dúvidas dos cardeais são cinco perguntas focadas na possibilidade de que os divorciados em nova união possam receber a comunhão.


Na carta, o Cardeal Cafarra afirma que escreve ao Papa renovando “nossa absoluta dedicação e o nosso amor incondicionado à Cátedra de Pedro e à vossa augusta pessoa, na qual reconhecemos o Sucessor de Pedro e o Vicário de Crsto”.


“Não compartilhamos de jeito nenhum a posição daqueles que consideravam a Sé de Pedro vacante, nem daquela que quer atribuir a outros a indivisível responsabilidade da missão petrina. Move-nos somente a consciência da responsabilidade grave da ‘tarefa’ cardinalícia: ser conselheiros do Sucessor de Pedro em seu ministério soberano”, prossegue.


O Cardeal explica que ao “não ter recebido nenhuma resposta de Sua Santidade” às dubbia entregues à Congregação para a Doutrina da Fé em 19 de setembro de 2016, “chegamos à decisão de pedir, respeitosamente e humildemente, uma audiência”.


Desde a publicação da exortação Amoris Laetitia em 19 de março de 2016, escreve o Cardeal Cafarra, “houve interpretações, de algumas passagens objetivamente ambíguas, da exortação pós-sinodal; que não só diferem, mas que são contrárias ao Magistério permanente da Igreja”.


O também Arcebispo emérito de Bolonha precisa que, apesar de o Cardeal Gerhard Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ter afirmado repetidamente que “a doutrina da Igreja não mudou, apareceram numerosas declarações de bispos, cardeais e inclusive conferências episcopais, aprovando o que o Magistério da Igreja nunca aprovou”.


“Não só o acesso à Sagrada Eucaristia para aqueles que objetiva e publicamente vivem em situação de pecado grave, e pretendem continuar assim, mas também uma concepção da consciência moral contrária à tradição da Igreja”, assinalou.


Desta forma, alerta, o que acontece agora é que “o que é pecado na Polônia está bem na Alemanha, o que é proibido na Arquidiocese da Filadélfia é permitido em Malta. E assim. Recorda-se a amarga observação de Blas Pascal: ‘Justiça neste lado dos Pireneus, injustiça no outro; justiça no lado esquerdo do rio, injustiça no lado direito’”.


O Purpurado ressalta que há muitos leigos que “amam profundamente a Igreja e que são muito leais à Sé Apostólica, que procuraram os seus pastores e a Sua Santidade para serem confirmados na Santa Doutrina a respeito dos três sacramentos do Matrimônio, da Confissão e da Eucaristia”.


Diante dessa grave situação, conclui a carta, “na qual muitas comunidades cristãs estão sendo divididas, sentimos o peso da nossa responsabilidade, e a nossa consciência nos obriga a pedir humildemente e respeitosamente uma audiência”.


Apesar de não aparecer como solicitante deste pedido de audiência apresentado pelos cardeais, em dezembro de 2016, o Presidente Emérito do Pontifício Conselho Cor Unum, Cardeal Paul Josef Cordes, expressou seu apoio aos “dubbia” dos purpurados.

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