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Apesar da efervescência religiosa de hoje, são muitos os desafios dos seminaristas


A crise pode ser atribuída ao contexto da cultura moderna, como explica Pe. Girelli - RV


Cidade do Vaticano – Um dos tesouros da Igreja está sendo ofuscado com a realidade de dois novos fenômenos vividos, em especial, no Brasil. Segundo o Padre Valter Girelli, reitor do Seminário de Fátima de Erechim, na região norte do Rio Grande do Sul, o processo formativo para novos sacerdotes tem enfrentado desafios que motivam a Igreja a repensar o modelo de formação dos seminaristas.


Pe. Girelli - “O primeiro fenômeno é que poucos meninos querem entrar no seminário a partir do Ensino Médio. E até nós nem incentivamos muito, porque ainda é uma fase que eles devem fazer essa experiência maior com a família: relação afetiva, relacionamento com os pais, com os irmãos e assim por diante.


Historicamente, na nossa diocese, nós já tivemos alguns meninos que entraram no seminário tendo feito o Ensino Médio fora – mas raramente acontecia isso. Este ano aqui foi uma surpresa: temos três meninos, um que veio da Odontologia, outro da Administração de Empresas e outro do Ensino Médio. Então, nós percebemos que é um perfil novo que, na verdade, é um fenômeno no Brasil. A maioria das dioceses não tem mais Seminário Menor: acolhem os meninos já moços para o ano de Propedêutico para depois seguirem as faculdades de Filosofia e Teologia. Na nossa diocese tem dado um impacto muito positivo, até pela qualidade desses meninos. São meninos mais maduros, já mais decididos, já tem feito esse processo de discernimento durante o trabalho deles ou durante o estudo na faculdade.”


O tempo especial de preparação para o sacerdócio poderá ser um dos argumentos de análise no próximo Sínodo dos Bispos, de outubro de 2018, com a temática dos jovens. Afinal, é da juventude que brota a preparação para o serviço ao Povo de Deus, ao serem chamados e escolhidos para a Igreja. Um diálogo franco e aberto com os seminaristas, como já aconselhou o Papa Francisco, é fundamental para a formação dos candidatos ao ministério ordenado.


Em artigo publicado no jornal italiano La Repubblica (22/03/2016), o professor Alberto Melloni, da Fundação João XXIII para as Ciências Religiosas, apontava uma queda no número de futuros sacerdotes: em 90 anos se é passado de 15 mil para cerca de 2700 seminaristas.


Pe. Girelli - “Não se tem dúvida nenhuma que, para a Igreja, é certamente um dos sinais dos tempos. Um dos fatores são as famílias pequenas, quando se tem um só filho ou dois. Eu, por exemplo, venho de uma família de 13 irmãos, então, ficava mais fácil a decisão de ingressar no seminário. Outro sinal muito forte é a cultura moderna e pós-moderna e, certamente, essa é a que mais está influenciando. Hoje em dia, o trabalho religioso, essa nossa missão, eu sinto que ela está em alta porque há uma procura do aspecto religioso muito forte. As pessoas buscam as celebrações religiosas e há uma efervescência muito grande em termos de religiosidade. Então, não é a falta disso. Mas eu atribuiria a causa maior o tipo de estrutura de Igreja que nós temos hoje: uma estrutura muito pesada, com 2 mil anos, porque não tem renovado um estilo de sacerdócio diferente.


O celibato, por exemplo. Os meninos entram aqui e até podem ter o desejo de serem padres, mas depois eles veem que não tem alternativa e possibilidade de casar... Então, no mundo que a gente vive hoje em dia, alguém fazer opção por isso, de não constituir família, é uma coisa muito, muito difícil. Eu vejo que, nestes momentos de crise, precisa ajudar a Igreja também a repensar o estilo de padre que a Igreja quer. Sabemos que, por exemplo, pra atender a Amazônia, o Papa Francisco já tem pedido para os bispos discutirem e criarem uma proposta para a possibilidade de ordenar homens casados para atender aquela região tão carente. E a necessidade terá que produzir isso. A nossa diocese também está incentivando o diaconato permanente, homens casados, que também seria uma alternativa, uma porta que se abre para amanhã, também, poder chegar a ordenar sacerdotes esses homens casados.”

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