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HOMILIA NO I DOMINGO DO ADVENTO B



Irmãos e irmãs, findamos mais um ano e iniciamos outro. O tempo da Sagrada Liturgia não é o tempo cronológico, o do relógio, o do suceder dos dias, das horas, minutos e segundos. O tempo da Sagrada Liturgia é o “tempo de Deus”. É este, porém, que regula nossos calendários. E isto com uma força tal, que influencia todos os povos da terra, mesmo os não cristãos e supera a soberba dos que não crêem e pretendem suprimir a memória do que este tempo que iniciamos nos quer indicar. Por mais que tentem, tudo narra a glória de Deus que manifestou-se e há de manifestar-se. Esta última semana que passou, entoamos na Missa o Cântico de Daniel (Dn 3, 57-88.56) em que toda a natureza e os homens são convidados a louvar e exaltar a Deus pelos séculos sem fim. Sim, pois para isso que o homem foi criado por Deus, amá-LO, adorá-LO e servi-LO. Quem isto não considera, passa pela vida sem realizar aquilo para o qual fora criado, tendo como triste conseqüência não ter, de fato, aproveitado a vida, mas a desperdiçado. Desperdiçado com todas aquelas coisas que Deus nos concedeu para chegarmos a Ele e não O perder.


É neste sentido, caros irmãos, que este tempo do Advento, palavra que significa “Vinda”, está neste tempo verbal do gerúndio. Tempo que indica uma ação iniciada, mas não terminada; ação que se prolonga indefinidamente, mas que, ao mesmo tempo, não quer dizer indefinição pura e simples, mas, pelo contrário, aponta para uma finalidade a ser realizada, isto é, o que teve início e se desenvolve terá seu cumprimento, mesmo que ainda não saibamos quando.


Assim, neste tempo do Advento, Vinda do Senhor, nós como que introduzimos no nosso tempo de cada dia, o tempo da Sagrada Liturgia, “o tempo de Deus” e imploramos a Ele que o que começou em nós, leve a pleno cumprimento. Ora, o que Deus começou em nós?


No dia do nosso Batismo, Deus nos recriou segundo o seu desejo eterno. Nos recriou pois, pelo Batismo, Deus nos liberta do poder das trevas. Antes, somente “carne” destinada à morte; após passarmos pelas águas do Batismo, somos feitos filhos de Deus, pela ação do Espírito Santo que nos foi dado da parte de Deus nosso Pai, por seu Único Filho, Jesus Cristo na Igreja, a vinha que a sua mão direita plantou neste nosso mundo até que Ele venha. É isto que pedimos ao Senhor levar a bom termo e não deixar incompleto.


Este tempo, irmãos é um tempo que corre... “Tempus fugit”, o tempo corre, diziam os latinos. A esta expressão se assoma outra: “Carpe diem”, aproveite o dia, o tempo. Pois bem, diante do tempo que corre, somos chamados a aproveitar o tempo. Somos cristãos, filhos de Deus. Como podemos fazer isto, sem cair no engano dos pagãos? Engano que consiste em querer se saciar com este mundo que é incapaz disto.


O Advento é o tempo de graça que Deus concede anualmente à Igreja, sua Vinha, para nos darmos conta. É um tempo para nos prepararmos para o grande e glorioso dia da sua vinda. Como o fazer?


O Profeta Isaías, no seu comovente texto nos indica quando diz a Deus: “Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das vossas mãos”. Esta imagem do barro e do oleiro indica quem somos e quem é Deus. Ele é o Oleiro que tem poder e controle sobre o barro, mas ao contrário do barro material, nós somos chamados a decidir ser ou não como ele nas mãos de Deus, isto é, exige-se de nós, nos deixarmos moldar para sermos bem acabados. E, para isso, o primeiro passo é a humildade diante d’Ele no reconhecimento e confissão dos nossos pecados, a constatação de que não temos nosso destino em nossas mãos, se queremos ser bem acabados!...


A humildade não nos dispensa do esforço pessoal que deve-se seguir ao auxílio divino pelos dons da graça que nos concede. Temos de nos esforçar! É o que São Paulo nos adverte: “Ele vos tornará firmes até ao fim, para que sejais irrepreensíveis no dia de Nosso Senhor Jesus Cristo”.


Mas ainda cabe uma última pergunta: como permaneceremos firmes se não sabemos quando o Senhor virá? Como vamos estar preparados? São perguntas que denunciam quem as faz. Uma outra se ergue: Quando será? Esta sim, é legítima. Nosso Senhor responde: “Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento.” Podemos prosseguir perguntando: por quê o Senhor não nos revelou? Santo Efrém, o Sírio, vem em nosso socorro: “o Senhor «quis ocultar-nos isto a fim de permanecermos vigilantes e para que cada um de nós possa pensar que este acontecimento se produzirá durante a sua vida. Ele disse muito claramente que há-de vir, mas sem precisar em que momento. E assim todas as gerações O esperam ardentemente”( Comentário ao Diatéssaron, 18, 15-17).


A. de Saint Exupéry, no seu Pequeno Príncipe nos deixou uma bela expressão explicando a dinâmica do amor e da amizade, dos que cativaram e se deixaram cativar (cap. XXI): “Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos”.


Sim, caros irmãos, é preciso ritos... Deus quer nos deixar sempre felizes e ardentemente desejando sua volta. Por isso nos deixou o Sacrossanto Memorial da Sua Paixão, o Santo Sacrifício da Missa para o celebrarmos em sua memória, até que Ele venha, enquanto esperamos a sua vinda, e os demais Sacramentos . E assim, Ele excita nosso amor, nos faz agitados para amá-Lo e aqueles nos quais Ele quis que o amássemos: os que dependem de nossa ajuda.


Não durmamos, portanto, mas nos deixando moldar qual barro nas mãos do Divino Oleiro, vigiemos rejeitando as obras das trevas, como nos ensina São Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses (1Ts 5,5). Não tristes e pesarosos, mas como é próprio deste tempo, recordando sua primeira vinda, nos preparando para a segunda, com aquela discreta e, ao mesmo tempo, feliz esperança da sua segunda vinda, certos do que nos diz São Paulo: “Ele vos tornará firmes até ao fim, para que sejais irrepreensíveis no dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor”.


Vinde Senhor Jesus! Amém!

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