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HOMILIA NO IV DOMINGO DO ADVENTO Ano B


Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


Irmãos e irmãs, nos encontramos já, às vésperas do Natal do Senhor. Logo entraremos na alegria que Deus Pai nos revelou e nos concede: “a revelação do mistério escondido desde os tempos eternos
mas agora manifestado”, como ouvimos do Apóstolo Paulo. Deus revela-nos o seu mistério a nós, revelação que foi preparada “pelas escrituras dos Profetas
segundo a ordem do Deus eterno”. Mas que mistério é esse?


São Paulo, quando utiliza esta palavra, não quer dizer algo que não pode ser revelado. É exatamente o contrário! É algo que é revelado, porém que não pode ser totalmente compreendido, pois como diz ele mesmo “Quem conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? (Rm 11,34) e ainda o salmista: “Quão insondáveis são os vossos pensamentos!/ Incontável, ó Senhor, é o seu número!/ Se eu os conto, serão mais que os grãos de areia; se chego ao fim, ainda falta conhecer-vos” (Sl 138, 17-18).


Deste modo, que mistério é esse que é-nos revelado, e ao mesmo tempo, é para nós como um abismo que não podemos penetrar totalmente?


São Paulo nos responde: “o meu Evangelho e a pregação de Jesus Cristo”.


Ora, o Evangelho de Paulo é o mesmo do Senhor. Ele próprio se faz totalmente servo daquilo que ele recebeu e transmitiu: “Transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo recebi, isto é: Cristo morreu pelos nossos pecados, conforme as Escrituras; foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; apareceu a Pedro e depois aos Doze” (1 Cor 15, 3-5).


Mas retornemos ao início, à pergunta que não foi respondida: que mistério é esse? Nós o contemplamos surpreendidos como a Virgem de Nazaré. Uma mulher prometida em casamento e com obrigações para com o seu noivo. Nazaré, uma aldeia perdida, na considerada perdida Galiléia, chamada “dos pagãos” por causa da influência da dominação grega; debochada pelos judeus: “pode vir algo de bom da Galiléia”? Uma aldeia que não é mencionada nem uma vez no AT e, por isso considerada fora dos planos de Deus.


O que contemplamos? A cena da Anunciação, bem conhecida de todos. Mas penetremos mais profundamente nos significados escondidos que apontam para a realização das promessas de Deus.


Em primeiro lugar: é sempre Deus quem tem o absoluto controle sobre a História humana, mesmo que o homem queira negá-lo e não o perceba; segundo: Deus, é Ele quem eleva, não o homem. Nosso culto a Deus não lhe acrescenta nada, mas acrescenta, pelo contrário a nós mesmos. Somos nós os enriquecidos quando damos culto a Deus; terceiro: É Deus quem nos escolhe, não nós a Ele.


Pois bem: quando Davi lhe quer construir uma casa: Deus responde que é Ele quem vai realizar isto e - maravilha! - Em benefício de Davi. O seu trono durará para sempre. Claro, Deus não deixa de lembrar a Davi sua humilde origem, afim de que compreenda que É Ele quem tudo conduz e está com os homens que lhe obedecem.


Ao contrário de Davi, Maria se coloca espantada, por ser escolhida como serva e aceita esta honra: “Eis aqui a serva do Senhor”. Dela devemos aprender: quando servimos a Deus, é aí que nós reinamos! Mas Maria também pergunta, porque quer compreender, como Deus se digna vir a ela, prometida em casamento, mas não ainda convivente: “Não conheço homem”; “Como será isso”?


Estas perguntas, surgem sempre na SE quando querem se referir a uma vocação. Deus quem chama, está sempre acima, infinitamente acima daqueles que chama. Mas eis que Deus não se ofende, pelo contrário, quer sempre uma resposta livre. Ao dizer do Anjo: “O Senhor está contigo”, é a afirmação da assistência constante de Deus para a missão que Deus lhe quer confiar: ser a Mãe do Messias, do descendente de Davi; Mas e o “como?” Aqui o grande mistério que podemos contemplar para, ao menos obscuramente compreender e, ainda, nos calarmos e adorar: “O Espírito Santo virá sobre ti
e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra”. Isto aponta para os fatos do AT em que Deus nunca abandonou o seu povo, mas sempre lhe indicou o caminho pelos Juízes e Profetas.


E a promessa que Deus fez a Davi e que o Profeta Natã lhe transmite: “O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa”. Se realizará no ventre de Maria. Aqui também há algo surpreendente: Deus promete uma descendência a Davi e que seu reino será eterno. Ora, Maria não era da Tribo de Judá, de onde tinha saído Davi. Prometida em casamento, tinha direitos e deveres, um dos quais a fidelidade; se surgisse uma gravidez, esta era considerada legítima se fosse fruto dos dois e assumida pelo pai. Mas o que se dá aqui é diverso. Poderia ser apedrejada e rejeitada. Maria não leva em conta tais empecilhos, tem a garantia, pela palavra de Gabriel e da gravidez de Isabel, de que a Deus nada é impossível. Aceita, pois sabe que Deus não abandona os que a Ele se confiam.


É neste drama, nesta tensão, que se insere o modo surpreendente de Deus agir. Escolhe uma virgem fora dos círculos sociais e importantes de Jerusalém. Uma prometida em casamento que não teria como explicar a gravidez. Mas aqui a maravilha: quem era seu noivo?... O justo José, este sim da tribo de Davi! E porque justo, não desconfia da honra e fidelidade de sua noiva; sabe perceber a “mão” de Deus agindo. Por isso tinha medo. Percebia que “algo” estava envolvendo Maria; já a sabia pertencente não mais a si, por isso queria despedi-la em segredo. Silenciosa e obedientemente, tudo acolhe como vontade misteriosa de Deus, depois do anúncio pelo Anjo, através do sonho.


Assim, Deus realiza seu mistério, seu Plano de Salvação: através da cooperação de alguns homens e mulheres. Este plano é em benefício nosso, da nossa Salvação. Como não adorar e agradecer? Como não implorar perdão por não corresponder como devíamos? Como não pedir que Deus nos seja propício e misericordioso? Tudo isto nós fazemos quando celebramos a Eucaristia que realiza a Igreja, ali onde é celebrada, seja numa grande Catedral, numa capelinha de roça, ou barraco de periferia... A Igreja não é um lugar, mas os cristãos reunidos com Sua Cabeça que é Cristo Jesus...


Graças à Encarnação do seu Filho e da casa que Ele edifica, a Igreja que, doravante reúne em seu seio todos aqueles que Deus, por Seu Filho, quer salvar. Ela anuncia a mesma Salvação a todos os demais, para que acolham o grande dom de Graça e Amor que o Senhor concede ao se Encarnar. Por sua Santa Encarnação Ele se une misteriosamente a cada homem. “Deus desce até o homem, com a encarnação, para que o homem se transforme em deus. O Verbo, pela sua imensa caridade, se tornou aquilo que somos, para dar-nos e tornar-nos aquilo que Ele é. Aquele que é Filho de Deus se fez filho do homem, a fim de que o homem ganhasse a adoção e se tornasse filho de Deus. Cabe ao Espírito Santo dar-nos esta participação na vida divina” (Santo Irineu).


Professemos, pois a nossa fé e depois invoquemos do Pai o Espírito sobre as oferendas a fim de que o Filho de Deus Encarnado nos alimente para a vida eterna e esteja conosco para cumprirmos também, sem medo, o plano de Deus para a nossa vida e em benefício dos que Deus nos concede, do seu amor por nós dando testemunho fiel, como missionários seus, quando daqui sairmos, “pelas estradas da vida, pois nunca sozinhos” estaremos, uma vez que conosco, “Santa Maria vai”, mesmo que digam os homens, tu nada podes mudar”... Amém!


Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

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