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Homilia: Segundo domingo da Quaresma - 25/02/2018 - Ano B



Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


Combate e luta! Assim, caros irmãos, Domingo passado me referi à vida cristã. Sim, continuemos hoje a refletir sobre isto. Tal combate ao qual somos chamados não é uma luta que de vez em quando ocorre, mas se inicia quando fomos batizados. O Catecismo nos ensina que o Batismo perdoa nossa culpa original, culpa que herdamos de Adão, culpa não cometida, mas adquirida, por pertencermos à sua estirpe, por sermos humanos. O Senhor não nos tira as conseqüências de tal pecado, isto é o que chamamos de concupiscência. Esta, é a inclinação que nós temos dentro de nós que nos arrasta para cá e para lá, nos fazendo às vezes perder o juízo; isto é aquela experiência que São Paulo experimentou: “Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero.” (Rm 7, 19). Mas por quê? Ele sabe e nos explicou: “"Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita .”( Rm 7, 20). Isto é a concupiscência: esta tendência em fazer o mal, mesmo querendo o bem. E isto, caros irmãos se dá com a permissão divina. Entretanto, desde já, é preciso dizer bem alto, não é algo que Deus realiza para nos torturar, mas sim, porque quer que lhe imitemos e a Ele nos entreguemos totalmente, sem nada para nós reservar, pois Ele, que é o Doador de todos os bens, é Quem tudo nos dá, fazendo assim, uma ocasião para lhe demonstrarmos amor e obediência.


Contemplemos a I leitura e compreenderemos porque Deus assim age. Deus pede a Abraão Isaac, seu único filho na velhice; isto depois de ter-lhe prometido grande descendência. Logo no início, ouvimos que Deus o põe à prova. Alguns poderiam pensar que isto é algo horrível de se fazer. Dar e pedir de volta... Mas um ouvir mais atento, logo afasta de nós tal ofensa a Deus e nos leva a louvá-Lo por seu Amor. Ao pedir Isaac em sacrifício, o que queria Deus é muito mais! Ao pedir Isaac, o que Deus está novamente pedindo e querendo é Abraão de forma total. E o faz, porque sabe Deus, nós tendemos a nos esquecer de quem nos faz o bem e nos ama, quase achando que somos “os tais” e sempre merecedores de tal amor. É a Abraão que Deus quer, não Isaac, seu fruto na velhice. Compreenderam, caros irmãos? Quando Deus nos pede renúncias, Ele não nos quer privar de nada, mas “nos” quer! As coisas e pessoas deste mundo, podem nos afastar da verdadeira fonte da felicidade e do Amor. Nossa disposição em não nos apegarmos é que nos garante a vitória no combate contra o mal que sempre tenta se aninhar em nós e nos garante tudo, pois é Ele que tudo nos dá.


Contudo, não podemos nos esquecer que o contrário, o inimaginável se deu da Sua parte: Ele não poupará seu Filho e nEle, que assumiu-nos na Encarnação; é Ele que Se vai dar a nós! Seu Filho, justo e Santo, aceita ser pregado na Cruz, morrer, para que nós tenhamos acesso a Ele, o Pai, fonte de toda a Vida. Longe de nós, portanto, achar que Deus é um carniceiro que exige a morte de seu Filho único. Não o poupa, é certo, mas longe de ser um ato tresloucado, é ato de Amor na entrega total de Si. Cristo, com sua morte, nos leva amorosamente para Ele e Ele pode finalmente vencer tudo o que do Amor da Trindade Santa nos separa. Por isso, nos diz São Paulo que sua luta ainda continua no Céu, intercedendo por nós ao Pai. Suas chagas são as provas de que em nós, na nossa humanidade nós O amamos. E nós, unidos a Ele, podemos superar as batalhas perdidas pelo nosso pecado. É Ele quem nos declara justos, é somente nEle e com Ele que podemos ser justos.


Mas passemos a contemplar a Transfiguração. O que ali se dá é um incentivo ao combate a que somos chamados. Ao lado de Jesus estão Moisés e Elias, representação da Lei e dos Profetas, indicando que tudo o que Deus ordenou e tudo que anunciou, n no AT dizem respeito a Ele que tudo realizou de forma perfeitíssima em sua vida entre nós. Sua Transfiguração é para não nos escandalizarmos da Cruz. Apesar de sua atrocidade, o que se esconde nela é os seu oposto. Na Cruz Deus manifesta a sua Glória que é Amor que se derrama por todos nós. Por mim, por ti... O horror daquela hora das trevas não se deve a Deus que se compraz com isso, mas o motivo porque era necessário: a vitória sobre o pecado que produz tais horrores e que se repetem na história e na violência de cada dia, através do distanciamento de Deus e da ação humana.


A atitude de Pedro em lá querer ficar é a nossa tentação em não querer lutar e a fugir do enfrentamento do mal no mundo e em nós mesmos... Isto se dá porque teimamos em não nos comprometer não assumindo nossa responsabilidade, pelas conseqüências do pecado; nosso e dos que nos rodeiam. Por isto, do Pai ouvimos, pela pelo Espírito, simbolizado na nuvem: “'Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!'”


A Santa Trindade Se manifesta e Se nos apresenta como nosso horizonte presente e último. Pelo combate e luta contra o pecado, unidos a Cristo teremos acesso pleno ao Pai, no Espírito e pelo Filho, com a condição de ouvirmos o que nos diz. O assunto tratado era sobre a Paixão e Cruz. Não podemos, por isso, esvaziar a Cruz de Cristo e querer o que Deus nos oferece sem imitarmos o que fez Abraão ao dar Isaac. Porque deu-o a Deus, o recebeu de volta e tudo o mais e, Deus que nos pede, ao nos pedir que tudo deixemos e enfrentemos também com Cristo nossa cruz de cada dia, menos não fará – mas que digo??? - Menos já não fez! Ele deu-Se por nós ao Pai, para que nEle tudo tenhamos! Ele deu-Se, dá-Se pelo seu Sacrifício Santo a nós em cada Eucaristia, e conSigo o acesso ao Pai, pelo Espírito! Comunhão de Amor!


Não nos acovardemos, pois! Ergamo-nos e não sejamos preguiçosos! Saibamos descer a montanha da contemplação, quando nos pede Deus, e carreguemos nossa cruz, não para nos entregarmos ao gosto pelo sofrimento, mas para vencê-lo com Cristo a fim de recebermos tudo de Deus! É a certeza que expressa São Paulo: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. Ofertemos, pois a Deus um sacrifício de louvor, mas o façamos não só com nossos lábios, mas com a inteira vida nossa!


Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


Autor: Prof. Pe. Mestre Samuel Pereira Viana Nascido em Duque de Caxias (RJ) e Ordenado Presbítero na Diocese de Santo Amaro. Mestre em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

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