Pateo do Collegio: vandalizado o local em que os jesuítas deram à luz São Paulo
História pichada: alvo marca o ponto da primeira e singela edificação, em 1554, de uma localidade que se transformou na megalópole brasileira
OPátio do Colégio, ou Pateo do Collegio pela grafia original, é o marco zero da cidade de São Paulo: trata-se do local em que o então noviço jesuíta São José de Anchieta fundou, em 25 de janeiro de 1554, junto com o pe. Manoel da Nóbrega, a primeira e singelíssima edificação da localidade que acabou se transformando na atual megalópole brasileira. Era uma escola e centro catequético para a população indígena, além de alojamento para os missionários. O próprio Anchieta relatou, em carta aos superiores jesuítas:
“A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!”
A edificação atual não é a original: com inspiração seiscentista, foi construída entre 1954 e 1979, mas conserva em seu interior fragmentos de uma parede de 1585, remanescente do antigo colégio dos jesuítas. Também abriga a igreja São José de Anchieta e o Museu Anchieta, cujo acervo de aproximadamente 700 objetos expostos em seis salas é um dos mais visitados da metrópole. Desde 1975, o Pateo do Collegio é reconhecido como patrimônio histórico e sítio arqueológico da capital paulista. Até hoje, a propriedade segue aos cuidados dos padres jesuítas.
Vandalismo
Nesta terça-feira, 10 de abril, a fachada do Pátio do Colégio amanheceu pichada. Gigantescas letras vermelhas formavam a frase “Olhai por nois” (sic).
Em declarações à Agência Brasil, o diretor do Pátio, pe. Carlos Alberto Contieri, adiantou que a restauração será difícil:
“Os danos são grandes, vai precisar recuperar toda a fachada, em toda a sua extensão, de alto a baixo. Não é uma recuperação fácil, porque atingiu não só a tinta, mas os azulejos, os vidros e as esquadrias de madeira das janelas”.
O padre ainda se revelou surpreso com o ato de vandalismo, o primeiro desse tipo sofrido pela instituição. Ainda assim, os pedidos por mais segurança vinham sendo feitos há meses:
“Nós estamos reclamando tanto com o governo do estado como com o governo municipal que é necessário manter uma segurança permanente aqui, de 24 horas nessa praça. Recebemos aqui diversas escolas e turistas todos os dias”.
A este respeito, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou à Agência Brasil “que existem bases comunitárias da Polícia Militar que circulam pela região do patrimônio histórico e que a PM está em contato com a comunidade para reavaliar a operação de combate ao vandalismo. A Prefeitura afirmou que a GCM faz rondas diárias na região”.
A pichação foi feita por duas pessoas à 1h24 da madrugada, conforme o registro de câmeras de vigilância. Os pichadores precisaram de apenas um minuto e meio, possivelmente usando extintores ou um compressor, para realizar o estrago.
O impacto negativo e contraproducente deste suposto “protesto” pode ser medido de maneira concreta. Vem ao caso perguntar que espécie de resultados concretos positivos esperariam os vândalos que praticam esse tipo de ataque.