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Cardeal Sergio da Rocha é relator geral do Sínodo dos Bispos que tem início neste 3 de outubro


Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília e Presidente da CNBB, é o Relator Geral da XV Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos que tem início nesta quarta-feira, 3 de outubro, no Vaticano. Antes de partir para Roma, ele concedeu entrevista à Agência de notícias SIR (Servizio di Informazione Religiosa) e tratou da juventude, do Brasil e do seu trabalho no Sínodo.


Confira a entrevista, na íntegra.


Eminência: o senhor foi o caminho de preparação para o Sínodo? O que o deixou mais impressionado nesse processo?

Graças a Deus, o caminho de preparação para o Sínodo tem sido bastante participativo. O Papa Francisco tem ressaltado a necessidade de ouvir os jovens. Eles participaram generosamente desta etapa, respondendo o questionário online e divulgando o Sínodo nas redes sociais. Sem dúvida, a reunião pré-sinodal, contando com jovens do mundo todo, foi de especial importância na preparação sinodal. Jovens dos vários continentes estão mostrando que querem participar da Igreja, que querem conhecer e seguir a Cristo na Igreja, que estão dispostos a evangelizar outros jovens.


Este Sínodo é, talvez, menos esperado do que aquele sobre a família e, no entanto, é igualmente importante?

A realidade vivida pelos jovens e a sua relação com a Igreja, com tantos desafios, está exigindo maior atenção, reflexão e respostas pastorais. As questões relativas à juventude não são fáceis. Quem considera importante a presença dos jovens na família, na Igreja e na sociedade, certamente considera este Sínodo também muito importante. A atenção à família se completa com a atenção aos jovens, pois ambos estão ligados. A realidade da família e a realidade da juventude estão interligadas. O serviço pastoral à família e a pastoral juvenil devem estar em diálogo constante.


O que a Igreja é chamada a fazer para ir ao encontro dos jovens que frequentemente não têm confiança nela?

Espero que a Assembleia do Sínodo dos Bispos nos ajude justamente a refletir e a buscar respostas a esta questão. É preciso estar atentos aos diferentes contextos socioculturais, aos muitos rostos da juventude. Os passos que foram dados até aqui mostram o caminho a seguir: aproximar-se dos jovens, para escutar, compreender e valorizar a presença deles em nossas comunidades. É preciso abrir mais espaço para participação juvenil na Igreja e contar mais com eles, de modo especial, na evangelização de outros jovens.


No Sínodo, o senhor será o Relator Geral. Com que espírito o senhor acolheu esta nomeação e como o senhor imagina de desempenhar esse papel?

Acolhi a nomeação com surpresa e profunda gratidão ao Papa Francisco, pois embora eu seja membro do Conselho da Secretaria do Sínodo, não esperava ser convidado para esta função. Certamente, há outros bispos que poderiam prestar este serviço tão exigente, melhor do que eu, mas estou procurando fazer o melhor possível, contando especialmente com a colaboração dos Secretários Especiais nomeados por Francisco, além da própria Secretaria Geral do Sínodo. A elaboração do Documento Sinodal é uma tarefa coletiva, apesar da responsabilidade do relator. Espero colaborar para valorizar e acolher, o mais possível, as contribuições dos participantes da Assembleia Sinodal, de modo que o texto conclusivo seja da Assembleia unida ao Papa Francisco.


Como o presidente da CNBB, o senhor pode tem um ponto de observação privilegiado sobre o grande país que é o Brasil. Como a Igreja no Brasil se preparou para o Sínodo? Mudou o relacionamento entre os jovens e a Igreja depois da Jornada Mundial da Juventude do Rio, em 2013?

O Brasil é um país com uma imensa população jovem. Em vista do Sínodo, têm sido inúmeras as atividades pastorais nas paróquias e dioceses, contando com os próprios jovens. Além de publicações, palestras e encontros de reflexão, tem sido grande o uso das redes sociais para a divulgação do Sínodo. A Comissão Episcopal para a Juventude da Conferência Episcopal tem desenvolvido um trabalho intenso e muito bonito, procurando envolver os jovens das diferentes regiões do país nesta etapa preparatória. Com a JMJ Rio 2013, a Pastoral Juvenil recebeu novo impulso; a juventude sentiu-se amada pelo Papa e pela Igreja. Porém, temos um longo caminho a percorrer, pois há muitos jovens que não conhecem a Cristo, que não participam da vida da Igreja e que necessitam de uma vida nova. O Sínodo está sendo outro momento importante de animação da evangelização da juventude, incentivando os jovens a participarem mais das comunidades. A Igreja “em saída”, enfatizada pelo Papa Francisco, necessita ir ao encontro dos jovens, com redobrado empenho, para compartilhar com eles a alegria do Evangelho.

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