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O significado do Natal na doutrina de São Leão Magno

São Leão Magno foi Papa de 440-461. Através de seus emissários, teve uma participação significativa, no Concílio de Calcedônia, em 451, pois naquela ocasião foram definidas contra o monofisismo, a única Pessoa do Senhor Jesus Cristo e duas naturezas, a humana e a divina. Tomando a Cristologia anterior que vinha de Tertuliano e outros padres da Igreja, Leão Magno correspondeu em muito para que esta definição ocorresse e permanecesse para sempre na Cristologia e na Teologia até os dias atuais.


Os sermões sobre o Natal

São famosos os sermões do Papa São Leão Magno a respeito do Natal. A análise a seguir, trata do seu segundo sermão, proferido na ocasião da festa do nascimento do Senhor. Ele convidava os fiéis à alegria, porque raiou para todo o povo de Deus o dia da redenção nova, dia longamente preparado, que é também dia de felicidade eterna, que não passa. É importante dizer que o ciclo do Natal, trouxe novamente o mistério de nossa salvação, que foi um mistério prometido desde o inicio dos tempos, e feito para durar para sempre.


Adoração ao Mistério

São Leão Magno afirmou que o dia de Natal é digno de exultação humana pelo fato de que somos chamados a adorar o mistério divino. A Igreja celebra com grande júbilo aquilo que procede do grande dom de Deus, que é o nascimento de Jesus Cristo, o Filho querido do Pai, por obra do Espírito Santo no seio virginal de Maria. O mistério estava escondido desde o início dos séculos, agora é revelado aos seres humanos. Deus todo-poderoso cuja ação é misericórdia, desde o momento que a malícia do diabo trouxe a morte ao ser humano, determinou na própria origem do mundo, os remédios que sua bondade usaria para dar aos mortais seu estado primitivo. Ele superou a tentação da serpente, a descendência futura da mulher que com a sua força, a cabeça altaneira, isto é Cristo Jesus que viria na carne, sendo designado Deus e homem ao mesmo tempo, nasceria da virgem Maria, e condenaria por seu nascimento sem mancha, o profanador da raça humana. Se o diabo se vangloriava de ter enganado por astúcia o ser humano e o tinha privado dos dons de Deus, Deus mesmo, através da encarnação, executou por um mistério mais oculto o primeiro plano de seu amor, e que o ser humano, arrastado para a falta da astúcia do enganador, não viesse a perecer, ao desígnio divino.


Jesus realizou o plano divino na humanidade

Jesus Cristo realizou o plano divino em relação á humanidade, de dar-lhe a redenção, a salvação.


Tudo isso se cumpriu nos tempos pré-ordenados. Jesus Cristo, Filho de Deus, penetrou a parte inferior do mundo, descendo da morada eterna, celeste, sem deixar é claro a glória do Pai, vindo ao mundo de um modo novo por um novo nascimento. Modo novo se justificou pelo fato de que era invisível por natureza, mas tornou-se visível em nossa natureza; incompreensível quis tornar-se compreensível, Ele sendo anterior ao tempo e Senhor do Universo, tomou a condição de servo, Deus impassível se dignou ser homem passível, imortal, aceitou às leis da morte. Nascimento novo se justificou pelo qual Jesus quis nascer, sendo concebido e nascido por uma virgem, sem que um pai misturasse a isso seu desejo carnal. Essa foi a origem daquele que seria o Salvador dos seres humanos, para que pudesse ter em si a natureza humana, estivesse também isenta daquilo que mancha a carne do ser humano, o pecado. Se a sua natureza é divina, Jesus assumiu a natureza humana através da concepção de uma virgem na qual deu à luz e permaneceu virgem, pelo poder divino. Com efeito, o Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para eliminar nossa corrupção, não para ser sua vítima, mas para trazer remédio aos nossos vícios. Na realidade Ele veio para curar toda a nossa enfermidade, conseqüência de nossa corrupção e todas as úlceras que manchavam as nossas almas, de modo que era necessário que Ele nascesse segundo um modo novo na natureza humana, para trazer a graça nova de uma pureza sem mancha de pecado.


A encarnação do Verbo supera o mal

São Leão Magno exaltou a encarnação do Verbo de Deus como superação do mal, do demônio, na humanidade pelo fato de que o Senhor da criação e da história veio isento do pecado original, porque ainda que tivesse uma natureza semelhante à de todos, estava livre dos laços do pecado. Quando veio ao mundo não estava isento das fraquezas da mortalidade, por estar no mundo criado, Ele que estava na imortalidade, antes da encarnação, porém livre do pecado. O Senhor Deus, em sua justiça e misericórdia, ainda que tivesse muitos meios para elevar o gênero humano, preferiu a via que lhe permitisse destruir a obra do diabo, não através de seu poder infinito, mas por uma razão de equidade. O ser humano veio libertado das garras do mal porque estava reduzido à escravidão.


Como Cristo Jesus foi concebido de uma virgem, sem intervenção humana, tudo foi dado pelo Espírito Santo. Se em todas as mães a concepção não é dada sem a mancha do pecado, essa mulher, a Virgem Maria encontrou por obra do Espírito Santo, sua purificação, no próprio fato de conceber. A virgindade ficou isenta da concupiscência e forneceu ao Filho de Deus a substância carnal. Por isso, segundo São Leão Magno, o que foi tomado da mãe do Senhor foi a natureza, não a falta. A natureza de servo foi criada sem aquilo que fazia dela uma natureza de escravo, porque o homem novo foi unido ao antigo, de modo que tomou sim, toda a verdade de sua raça, estando excluída, no entanto, o pecado original.


O Verbo de Deus na carne venceu o pecado, a morte que estavam no ser humano. O forte é amarrado com seus próprios laços, e o maligno caiu sobre sua cabeça. Assim o objeto de suas capturas, o ser humano foi arrancado pela ação do Salvador. Nossa natureza, lavada de suas antigas manchas, recuperou a sua dignidade, a morte foi destruída pela morte, o nascimento foi renovado pelo nascimento, de modo que a nossa regeneração em Cristo Jesus mudou nossa origem, livre do pecado e da morte.


É possível voltar, pela encarnação do Verbo, ao nosso Criador, reconhecendo o Pai como nosso Deus, no Espírito Santo, livre do pecado e da morte, nós que éramos escravos, estranhos ao nascimento do Espírito de Deus. Cumpramos a vontade de Deus no mundo em que habitamos. Combatamos o mal e tudo o que impede à dignidade humana, porque o Senhor se encarnou para nos dar a força de ir contra a corrente do pecado e da morte. São Leão Magno afirmou que não devemos temer de ser coroado pela vitoria no campo de triunfo do rei eterno, quando tivermos a graça da ressurreição da carne, participando desta forma do reino celeste junto ao Deus Uno e Trino.

Conclusão


O Papa São Leão Magno afirmou que o Natal é dia de alegria, de amor do Senhor Deus para com todos, nós que estávamos envoltos em trevas, estranhos a todo o progresso da verdadeira luz, agora estamos livres pela presença do Senhor Jesus Cristo no meio de nós, para vivermos a graça da liberdade nele e no seu amor infinito. Adoremos o Senhor Deus que se fez pequeno para a nossa salvação. Louvemos a Deus por todas as suas obras e em todos os seus juízos. Adoremos o mistério sagrado e divino da restauração do gênero humano, por meio do nascimento de Cristo Jesus na realidade humana.


Autor: Dom Vital Corbellini

Bispo de Marabá (PA)

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