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Conversão e biomas


“Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida.” O tema da Campanha da Fraternidade (CF) de 2017 quer continuar a reflexão sobre o cuidado com a criação. Quaresma é sempre um tempo propício para conversão, pessoal e comunitária. Conversão é um chamado de Deus a mudar de rumo, focar o caminho certo. Centrar-se no que é primordial e essencial. Se o rumo que está sendo empreendido é incerto, vago, ou pior, errado, então é preciso parar, recalcular e mudar a direção. Conversão!


“Cultivar e guardar a criação” (Gn 2, 15). Tratando do cuidado com a criação, nos deparamos com sérios problemas na preservação, no manejo e cuidado com nossos biomas. Parto do princípio de que cuidar dos biomas é cuidar da própria vida. Sim! Pois se nossas fontes, nascentes e rios estancarem, como nossa terra será regada?


Pensemos apenas nos biomas presentes no Rio Grande do Sul: a Mata Atlântica e o Pampa. Quais cuidados temos? As políticas de cultivo e de produção respeitam e guardam essa parcela da criação? Se nossos rios minguarem, os campos e florestas diminuírem, não serão apenas os animais e a vegetação que irão padecer. Nós humanos sofremos juntos. Porém, não estamos convencidos disso! Às vezes até pensamos de forma romântica e futurística: “precisamos preservar para deixar para nossos filhos, para as gerações futuras!”. Não seria isso também um egoísmo humano? Pesamos só em nós, “criaturas superiores”. Por isso a necessidade de conversão! Mudar a compreensão e o foco.


Nós humanos somos importantes sim. Mas não podemos, em nome da inteligência, usurpar, destruir e dominar extinguindo, desequilibrando e matando. Conversão de rumo! Conversão de mentalidade. Conversão de políticas de progresso, desenvolvimento e manejo. O Pampa e a Mata Atlântica também são sujeitos na definição de políticas de plantio, produção e crescimento. Eles são riqueza e não empecilhos de riqueza. O desafio é a convivência respeitosa e cuidadora nesses biomas. Até quando resistirão? Como podemos reverter o domínio sobre os mesmos?


É possível desenvolvimento sem destruir. Há tantos modelos e experiências que atestam isso. Os campos, banhados, coxilhas, matas e fauna existentes precisam ser escutados. Os biomas não são objeto de uso, mas parte de nosso bem viver. Se não conversarmos como eles, mantemos a ideia e a prática de domínio inescrupuloso e assassino. “Eu só não quero deixar pros meus filhos a Pampa pobre que herdei de meus pais”, diz a música. Amanhã talvez nem a Pampa teremos para deixar! Cultivar e guardar a criação requer conversão sim.


O tema da Campanha da Fraternidade de 2017 não termina no Domingo de Ramos. Há um longo caminho a ser feito. Urgem políticas novas de produção, manejo e ocupação de nosso Pampa. O Senhor da Criação nos chama a uma mudança de atitude. Com humildade precisamos reaprender a nos relacionar com a criação. Cuidar dela é cuidar da própria vida. O culto ao Criador requer respeito e cuidado de sua obra criada. A Mata Atlântica e o Pampa gritam por vida. O Rio Grande precisa escutar seu grito.


Autor: Dom Adilson Pedro Busin

Bispo auxiliar de Porto Alegre

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