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Homilias de Dom Fernando Antônio Figueiredo

Jo 8, 1-11 - A mulher adúltera




Para os doutores da Lei era impressionante ver Jesus, sentado, com o povo reunido ao seu redor, na atitude de Mestre, discorrendo sobre a misericórdia de Deus. Suas palavras refletiam a sua bondade para com todos e uma experiência religiosa de profunda intimidade com o Pai. Porém, com o intuito de experimentá-lo, alguns escribas e fariseus trazem à sua presença uma mulher apanhada em adultério e lhe perguntam se deviam ou não apedrejá-la, de acordo com as prescrições de Moisés. Caso Ele se posicionasse contrário à Lei, era o que desejavam, eles poderiam acusá-lo e levá-lo à condenação: para a consciência judaica, a Lei conferia não só um valor de eternidade ao que é efêmero, mas também constituía caminho de santidade e de comunhão com Deus.


Frente à maldade de seus interpeladores, como que absorvido por outros pensamentos, Jesus permanece calado. Silêncio constrangedor. Após alguns minutos, inclinando-se, talvez para não olhar a mulher em sua vergonha, começou a escrever na terra com o dedo. Atitude gentil e respeitosa. Mas como eles persistissem em interrogá-lo, ergueu a cabeça e lhes dá uma resposta contundente: “Quem dentre vós que não tem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. De novo, inclinando-se, continuou a escrever na areia. Coisa verdadeiramente estranha: em silêncio, eles acompanham o que Ele escrevia e, como que colocados diante do secreto tribunal de suas consciências, vão se retirando, um a um, desde os mais velhos, considerados os que possuíam maior autoridade, até o último.


Ao reerguer-se, Jesus viu a mulher sozinha diante dele; sem desprezá-la, mas com ternura pergunta-lhe: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou? ”. Cena comovedora, comentada, entre vários outros, por S. Agostinho, que observa: “Jesus permaneceu só, e a mulher lá estava, de pé: ‘Permaneceram os dois a mulher e Jesus; a miséria e a misericórdia’”. Calou-se a voz severa dos acusadores; ouve-se, tão só, a voz do Mestre, solene, cheia de compreensão, de doçura e de misericórdia, confortando-a: “Nem eu te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais”. O pecado é condenado, não a pecadora arrependida, que é convidada a voltar-se para Deus, garantia de salvação eterna.


Ninguém se sente isento de pecado para se arvorar em juiz daquela mulher; ninguém atira a primeira pedra. Mas também não escapa de ninguém a alegria daquela mulher que, pelo perdão de Jesus, experimenta um novo início e uma nova esperança, na comunhão com Deus. Outrora, proclamava o profeta Ezequiel: “Será que Deus deseja a morte do ímpio? Não alcançará ele a vida, se se converter de seus maus caminhos? ” (18,23; 33,11).


O Evangelho, proclamado por Jesus, nos fala da vinda de um Profeta, o Enviado de Deus, que nos acolhe e perdoa, pois nossos pecados estão escritos na areia, de modo tal que, pelo sopro misericordioso do perdão divino, são apagados e nós, purificados, participamos da convivência divina.



Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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