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Não quero aclamar apenas o Senhor que passa



Estimados diocesanos! A celebração do Domingo de Ramos e da Paixão nos convida a revivermos, na história da nossa vida de fé, a entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado pelo povo nas ruas, como o Bendito de Deus Pai. Não foi um desfile marcado pela conquista de uma grande vitória, mas a aurora da esperança de um novo amanhã na vida dos pequenos e simples que colocavam a confiança na Aliança que Deus tinha feito com o seu povo, através dos patriarcas – Abraão, Isaac e Jacó, de que não abandonaria o seu povo, pois Deus sempre se mostrou fiel às suas promessas.


O Messias anunciado e esperado por gerações entra em Jerusalém de forma humilde, não para receber os louros da vitória, mas para receber os açoites, a coroa de espinhos e, nos ombros, a cruz da humilhação, da missão e da redenção da humanidade ferida sob o jugo do pecado. O pecado, que com todas as suas faces, gera a violência que traz a dor nos corações dos pais e dos filhos, que clamam aos ouvidos do coração do Pai, por justiça, paz, misericórdia e respeito pela vida e sua dignidade.


O caminho espiritual, marcado pela oração, pelo jejum e a caridade, percorrido no tempo da Quaresma, não nos oferecia ingresso para estarmos na primeira fila da multidão, e assim poder ver e aclamar o Senhor que passa, mas para examinarmos, à luz da misericórdia do Pai, o nosso modo de agir e testemunharmos a nossa fé no Senhor Jesus, como seus discípulos no mundo.


Podemos ter no coração a vontade de correr para ver e aclamar o espetáculo do Senhor que passa, carregando a cruz sob os açoites, talvez nos comovermos, mas permanecendo de braços cruzados e silenciando quando ele cai oprimido pelo peso da cruz da corrupção, que tira dos pobres o direito de ter acesso à saúde, à educação de qualidade, ao saneamento básico e à moradia digna.


Podemos correr a risco de aclamar o Senhor que passa, mas não acolhê-lo no nosso coração como o Senhor da nossa vida, não escutando suas palavras, não subindo até o Calvário para testemunhar o supremo gesto de amor da entrega da vida. Podemos nos contentar em aclamar o Senhor que passa e nos darmos por satisfeitos em saber que ele morreu na cruz. Acomodamos nossa vida vivendo uma fé no Senhor morto, esquecendo de correr para ver o sepulcro vazio e cantar na noite da vigília pascal o glória da ressurreição, da vitória da vida sobre a morte, da realização das palavras de Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida, o caminho que leva ao Pai”. Por isso, quero aclamar, com minha fé, não o Senhor que passa, ou o Senhor morto, derrotado, mas o Senhor ressuscitado que venceu a morte e, vivo, caminha conosco na nossa história até o fim dos tempos, como Ele garantiu.


Autor: Dom José Gislon

Bispo de Erexim

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