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Somos uma única família


Neste Domingo de Ramos, a Campanha da Fraternidade se encerra. Devemos reconhecer que ela nos ajudou a aprofundar o fundamento bíblico para a busca da paz, ao escolher como lema: “Vós sois todos irmãos”. A fraternidade humana afirmada por Jesus decorre da paternidade comum, pois Ele nos ensinou a orar assim: “Pai nosso…” Ora, se todos somos irmãos, é correta a conclusão de que formamos uma única família. Tendo presente essa verdade evangélica, o Papa Emérito, Bento XVI, afirmou com sabedoria que “A realização da paz depende, sobretudo do reconhecimento de que somos, em Deus, uma única família humana”. A Campanha da Fraternidade produziu e produzirá, ainda mais, bons frutos de paz e bem. E a nossa luta contra a violência e pela paz continuará.


Com a Liturgia do Domingo de Ramos, começa, hoje, a Semana Santa, quando celebraremos o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor, ou seja, a Páscoa que é o ponto mais alto da celebração da nossa fé. À assembleia dos fiéis, reunida fora da Igreja e portando ramos nas mãos, é proclamado o Evangelho de Marcos 11,1-10. O Evangelho recorda a entrada solene de Jesus em Jerusalém, quando montado num jumentinho ele seguiu cidade adentro, sendo recebido alegremente pelo povo que se reunia para acolhê-Lo, estendia mantos pelo chão e espalhava ramos.


E os que iam na frente e os que vinham atrás, como Marcos conta, gritavam: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!” Ali à entrada da Igreja, o Presidente da celebração da santa Missa, depois de abençoar os ramos trazidos pelos fiéis, convida a todos a entrar na Igreja e a cantar, como os filhos dos hebreus, aquele mesmo canto. Na santa Missa é proclamada a narração da Paixão de Jesus segundo São Marcos – Mc 15, 1-39. Contrastando com a entrada festiva de Jesus em Jerusalém, Marcos passa a narrar o processo do julgamento e condenação de Jesus pelos judeus e pelo império romano. O justo é condenado para “salvar a nação”, o cordeiro sem mancha é sacrificado para tirar o pecado do mundo. Marcos realça a “traiçoeira entrega” de Jesus. Foi entregue por Judas; agora o é pelo Sinédrio – sumos sacerdotes, anciãos e mestres da lei; o Sinédrio O entrega a Pilatos; Pilatos O é entrega aos soldados que o pregam na cruz; e até mesmo o Pai O deixa à sua própria sorte. O evangelista, por fim, resume estas afirmações, dizendo: “Ele é entregue em mãos dos pecadores”. E conta que Jesus com um forte grito nos lábios expirou. Além de entregue, Jesus foi abandonado. Padeceu tudo sozinho. Foi, inclusive, abandonado pelos seus discípulos.


Acontecera a traição de Judas, agora, Pedro O renega e todos fogem. Jesus mesmo afirmou que “Tudo isso acontece para que se cumpram as Escrituras”. Realmente, os caminhos de Deus não são os nossos caminhos. Naquele momento em que Jesus expirou, Marcos conta que “A cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes. E quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse: ‘Na verdade, este homem era filho de Deus!’” Jesus levou até o fim a missão que recebera do Pai de não deixar perder-se nenhum daqueles que o Pai lhe confiara.


Hoje, somos convidados a acompanhar em procissão Jesus, o Filho de Deus, que vem como rei humilde e servidor, montado num jumentinho e, embora aclamado por nós, O contemplaremos pregado numa cruz para perdoar os nossos pecados. Por causa dessa morte do Filho de Deus, vítima inocente, compreendemos o que nos ensina a nossa fé que foi por meio da cruz que Deus se identificou com as vítimas de todos os tempos. Deus crucificado é um escândalo para muitos religiosos e uma loucura para aqueles racionalistas que usurpam em favor do seu super-homem a condição divina. No entanto, segundo o apóstolo Paulo, ao contrário, Jesus Cristo, que é de condição divina como igual a Deus “usurpou” para si a condição humana, esvaziando-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens (cf. Fl 2, 6-11).


Pois bem, tem início a Semana Santa. Motivados pela preparação religiosa da Quaresma e conscientizados pela Campanha da Fraternidade de que de fato somos uma única família, é de todo premente que atentemos ao convite da mãe Igreja para participarmos atenta e piedosamente das celebrações em comemoração dos principais mistérios do Cristianismo. E que o façamos em família e como família na Paróquia a que pertencemos.


Nestes dias concentremos toda a nossa atenção em Jesus que padece, que morre e que ressuscita. O convite é para acompanharmos a Jesus passo a passo no seu caminho do Calvário, na sua morte, na sua ressurreição e vitória final. Não choremos por Ele, mas por nós mesmos que com os nossos pecados lhe causamos tantos padecimentos. Supliquemos para que Deus Pai aumente em nós o amor a Jesus. E Lhe rendamos ação de graças pela ação libertadora e salvadora da Páscoa do seu Filho Jesus que nos deu a vida nova, a vida divina, plena e eterna. Agradeçamos porque é também a nossa Páscoa, a Páscoa dos cristãos celebrada na Páscoa de Cristo. Com Jesus passamos da morte para a vida por obra de Deus.


A morte e ressurreição de Jesus demonstram que o homem nem é um deus falido por quem se chora nem é um super-homem a quem se deve adorar. O efeito da paixão de Cristo é, de fato, a transformação do ser humano em Deus; Jesus Cristo tem a única máquina, usando jargão secularista, capaz de transformar o homem em Deus. A ação de Deus que se deixa morrer na cruz para salvar a sua criatura é bem diferente da ação da criatura pretensiosa que decreta a morte de Deus para se autoerigir como deus.


Em Cristo, somos todos irmãos.


Autor: Dom Caetano Ferrari

Diocese de Bauru (SP)

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